O que se passa afinal? "
de Mira Clock- Quarta-feira, 27 de Março de 2013 às
16:29c Facebook
Nunca fui
muito boa a pregar sermões nem sou o melhor exemplo de moralista que conheço.
Porém, existem coisas que infelizmente acontecem a minha volta e sou incapaz de
simplesmente olhar e calar.
Talvez
ninguém partilhe da minha opinião, talvez seja a única com coragem e fúria
suficiente para falar ou talvez até, esteja errada, mas tenho estado a observar
os recentes fenómenos sociais e as constantes e assustadoras mudanças nos
comportamentos das pessoas, em todo o mundo e sobretudo em Angola ou mais
concretamente em Luanda.
Não sei o
que foi que nos aconteceu para nos tornarmos tão carentes de atenção e sedentos
de glória. Até nas coisas mais insignificantes e superficiais, queremos ser de
alguma forma superiores e importantes. Já nem sabemos quem somos, o que é
apropriado ou não, o que deve ou não deve ser, o que é comum ou invulgar, o que
é normal ou anormal. Se ainda não estamos a viver um verdadeiro caos, acredito
que estamos bem perto de fazê-lo. E o pico de toda essa explosão de hipocrisia
e mesquinhice é infelizmente uma ferramenta aparentemente criada para
“aproximar os distantes” mas que acabou por “afastar os mais próximos”, aquilo
que nós chamamos de redes sociais.
Não sou uma
convencional louca que defende o fim da globalização ou da internet mas apelo
que aprendamos a fazer um melhor uso das mesmas. Pois para além das
desvantagens que todos conhecemos e que se têm estado a evidenciar, também
existem as vantagens que são muitas e vão mais além do que as nossas mentes
humanas podem imaginar.
Todos os
dias quando entro para alguma rede social, fico pasmada com tamanha baixaria e
pobreza de personalidade e de alma esbanjadas em publicações e comentários
baseados em mentiras, ilusões, falta de identidade, falta de opinião e uma gana
irracional de superioridade. O que se passou connosco afinal? Porquê que
resolvemos ser todos especiais? Ou melhor porquê que resolvemos condicionar o
facto de sermos especiais ou não ao número de gostos ou de comentários, feitos
as nossas fotos ou estados?
Será que,
finalmente, deixamos de valer pelo que somos e passamos a valer ou “não valer”
pelo que temos? Não posso crer! Será que já não é possível voltamos a ser o
povo simples e autêntico que um dia fomos? Será que é assim tão difícil,
aceitarmos quem somos? E nos impormos a certos padrões ridículos, criados por
pessoas ridículas que infelizmente nos ridicularizam, tornando-nos cegos e
incapazes de ceder a esses ciclos estúpidos de exclusão?
Quanto mais
penso e observo o que se passa, sinto náuseas e vergonha por fazer parte desta
realidade triste. E sendo assim, não me isento de culpa e igualmente me
envergonha o facto de algumas vezes me ter sentido inferior, por outras ter
sido hipócrita e ter traído os meus ideais, concordando com coisas ditas por
fulanos e sicranos apenas por se tratar de tais fulanos e sicranos. Ou ainda,
as vezes em que deixei que o meu ego inflamasse, com comentários ilusórios e
por vezes, irónicos que me fizeram sentir superior ou melhor, por vagos
instantes…
Enfim,
acredito que um dia nos iremos aperceber que existem coisas muito mais
importantes do que nos sentirmos importantes e talvez nesse dia aprendamos a
ser felizes por nós próprios, sem depender da opinião ou atenção dos outros.
Talvez tudo
isso não passe de uma utopia, talvez o meu desejo não de igualdade mas sim de
equilíbrio mental e emocional não passe de um pensamento louco e descartável de
uma mera mortal, de um ser comum, sem expressão ou capacidade de influência.
Contudo, prefiro continuar a sonhar ao continuar a fazer parte de tal realidade
promíscua.
Obs:
Não precisam concordar comigo, simplesmente por ter sido eu a escrever, sem
mesmo terem lido ou entendido o que escrevi. Se for esse o caso não precisam
“gostar” do meu texto e se por ventura a carapuça servir a alguns, desculpem-me
e não entendam a minha reflexão e tentativa de chamar-vos a razão como um
julgamento ou uma crítica destrutiva. Longe de mim!