MayambaEditora
ler é desvendar o mundo
LANÇAMENTO
Associando-se à Homenagem que a União dos Escritores Angolanos vai tributar ao autor, por ocasião do seu 87º aniversário natalício, a Mayamba Editora apresenta
Dia: 29 de Agosto de 2011 (Segunda-feira), pela 17H30
2 Livros de UANHENGA XITU (AGOSTINHO ANDRÉ MENDES DE CARVALHO):
MANANA E BOLA COM FEITIÇO
Acesso: Livre.
Sobre o livro Manana, O livro Manana dá-nos um quadro exemplar da situação do assimilado antes do processo de consciencialização por que passou o intelectual angolano no fim dos anos 40 e no princípio da década de 50 do século XX colonial. Sobrevivência com tudo o que isso implicava de conformismo, de aceitação do estatuto de colonizado, é, nesse período, o alvo do assimilado incapaz de atender às contradições das estruturas em que se insere e dá ao seu esforço uma dimensão libertadora. O assimilado, nessa fase, pensa que as soluções são individuais, possíveis de alcançar-se à custa de tudo e de todos. A manha, a ladinice, a esperteza são as armas ilusórias desse pícaro que acaba por ser vítima da sua inserção incorrecta na realidade.
Manha, ladinice, esperteza ajudam a definir a atitude do narrador-protagonista perante a vida. Pícaros, anti-herói caracterizam Felito Bata da Silva, o protagonista, na sucessão interminável de patranhas que é o seu quotidiano de marido infiel, de pequeno D. Juan trapaceiro.
Felito não está interessado em mudar o mundo: aceita ou antes para sobreviver, para se mover na enganadora liberdade por que optou, finge aceitar as estruturas sociais vigentes – é um conformista, e com o seu conformismo consegue a consideração dos velhos, dos representantes do mundo tradicional, também eles vítimas da alienação que o colonialismo a todos estende.
Manana é uma crítica ao sistema colonial-fascista que asfixiava o povo angolano.
Sobre o autor:
Uanhenga Xitu é o nome literário de Agostinho André Mendes de Carvalho, nascido em Íkolo e Bengo, província do Bengo, a 29 de Agosto de 1924. É um dos escritores angolanos mais originais e carismáticos. Nos últimos anos tem sido objecto de estudos científicos e homenagens, não só em território angolano como em outros países.
Eminente contador de estórias populares, a narrativa de Uanhenga Xitu está despida do rigor literário, pois a preocupação primária do autor é estabelecer uma ligação semiótica com o seu povo, que o estimula a escrever. A sua vivência na senzala transformou-o num homem solidário e interessado com as necessidades humanas.
Profissionalmente é enfermeiro e exerceu clandestinamente actividades políticas visando a independência de Angola, tendo sido preso pela PIDE durante a luta pela independência de Angola.
Uanhenga Xitu foi julgado pelo Tribunal Militar e condenado a 12 anos de prisão maior, medidas de segurança de seis meses a três anos prorrogáveis e perda de direitos políticos por 15 anos.
Na prisão começou a escrever as suas histórias.
Exerceu as funções de Ministro da Saúde, Comissário Provincial de Luanda e Embaixador da República Popular de Angola na Alemanha.
Em 2006 recebeu a distinção do Prémio de Cultura e Artes na categoria de literatura pela qualidade do conjunto da sua obra literária, causando-lhe uma enorme surpresa.
É autor das obras O Meu Discurso, Mestre Tamoda, Bola com Feitiço, Manana, Vozes na Sanzala (Kahitu), Mestre Tamoda e Outros Contos, Maka na Sanzala (Mafuta), Mungo - Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem e Os Discursos do Mestre Tamoda, O Ministro e Cultos Especiais.