sábado, 3 de abril de 2010

Poesia angolana em grande

EM ÉVORA

A bibliocafé “Intensidez” da histórica cidade de Évora, em Portugal, foi palco, recentemente, da divulgação e promoção da cultura angolana, através da declamação de poesia de alguns autores angolanos, com música de fundo de Té Macedo e foto-imagens projectadas da Angola de ontem e da de hoje.

A harmonia poética de Amélia Dalomba, Paula Tavares, E. Bonavena, Lopito Feijó, João Maimona, Maria Alexandre Dáskalos, José Luís Mendonça e Abreu Paxe deu luz ao requintado local, onde os presentes tiveram a oportunidade de ouvir algumas propostas estéticas produzidas em Angola nas três últimas décadas. A honra de declamar os poemas coube a dois mestrandos angolanos em ensino de literatura em língua portuguesa pela Universidade Agostinho Neto e duas poetizas e ensaístas portuguesas, nomeadamente Margarida Morgado e Maria Sarmento.

No instante da apresentação das personagens principais da noite, no caso os poetas angolanos, o também angolano Francisco Soares, especialista em literatura africana, falou antes do objectivo e importância do acto, revelando o cunho cultural daquele momento manipulado a favor das trocas culturais. Poeta, crítico literário, professor universitário e promotor cultural, Francisco Soares fez uma brevíssima incursão à literatura angolana, pronunciando-se sobre as relações culturais binárias entre Angola e Portugal, o que terá permitido conhecimentos e reconhecimentos mútuos por parte dos autores, leitores e contextos destes dois países membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Referindo-se aos autores, Francisco Soares considera que representam uma geração, dos anos 80 até ao presente, que assegurou a transição de um período cuja temática poética circundava em torno do nacionalismo angolano – poética militante e de denúncia –, para o de hoje, muito mais heterogéneo, com uma componente temática mais cosmopolita e, outras vezes, mais aproximada às tradições orais. Sem desprimor a outros autores da mesma geração, Francisco Soares considerou que, actualmente, os poetas seleccionados asseguram a arte de fazer poesia de forma sublime no manejo da palavra.
António Quino
Fonte: O País

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