quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Forno, o Feminino e o João Tala

O "Forno..." resultado de uma inspiração que surgiu há 20 anos quando na província da Lunda Norte, o João Tala visittou o Museu do Dundo, onde se deparou com uma escultura em forma de mulher , denominada “Forno feminino”. A estatueta do "Forno feminino"esculpida em barro com contornos de uma mulher, cuja ventre se abria uma cavidade, que segundo a simbologia reprodutiva local, os caçadores acreditavam que a estátua dava sorte e ganhos aos nativos”.

Eis a homenagem à mulher deste amigo das boas letras, elas merecem pois "O dia é feminino" e "O período feminino". É doce a canção para a mulher doce forno porque ela é para o Tala e o homem "Um semba..." que "...é uma história de mulher".

Para Amélia da Lomba, a mulher linda que apresentou o forno, "... o livro é uma homenagem à mulher em toda sua “dimensão” e ao seu “espírito de sacrifício”. É uma narrativa poética na qual a mulher é o centro da vida, sendo retratada em diferentes facetas como esposa, companheira, musa inspiradora, entre outras qualidades femininas. O “Forno feminino” é um volume constituído por várias poesias sem barreiras e fronteiras, onde os homens também podem se rever. Disse e muito bem, porque nota, ela "Liberta-me do esquecimento, mulher

Ela solta o corpo o texto animal
e frutos avultados.

Quando prontos os frutos
bebo-lhe noites o odor da manada.

A ela devo as coisas mais elementares:
o suspiro libertador
a primeira água e,

o evangelho deste corpo intacto e húmido;
a água acumulada no meu celibato
como o amor no último cuspo."

João Tala nasceu aos 19 de Dezembro de 1959 em Kamweya, província de Malanje, onde efectuou os seus estudos primários e parte do secundário, que concluiu em Luanda. Daí que o poeta não pode deixar de desenhar versos para a "Malanjina"

Vou de camuflado vou imune
visitar a manjina
vou com a ciência dos amantes
não posso esperar
esperas criam cicatrizes
e eu já estou ingusrgitado

ela engoliu-me a infância
cabe ainda no cheiro
procuro-a na sombra ou na pedra
onde quer que haja um lugar de leite "
É uma edição da editora Kilombelombe, da colecção "Os Nossos Poetas" n.º 24. Em conversa aprazível com o editor, homem de cultura e simples no trato, abordamos assuntos a ver com o mercado editorial. A Kilombelombe quer ver angolanos a lerem, Virgílio Coelho ressaltou essa necessidade de cada vez mais haver necessidade de se cultivar os bons hábitos de leitura. A colecção, que conta já com 24 obras, algumas no prelo, tem um rol de poetas talhados na caneta, a destacar as mulheres poetas como Amélia da Lomba com o "Espigas do Sahel", "Nirvana" de Isabel Ferreira e ainda "Na boca árida da Kyanda" de Chó do Guri.


O Banco de Poupança e Crédito, patrocinadora da Kilombelombe, vai continuar com o compromisso de apoiar os projectos artísticos nacionais, com vista a desenvolver, cada vez mais a cultura nacional. Um exemplo no âmbito da responsabilidade social das empresas. Virgílio Coelho referiu que o BPC, apesar da função comercial, tem colaborado com as editoras e ajudado muitos escritores a lançarem e a promoverem livros.

Os amigos e familiares e companheiros de letras do autor acorreram ao hall do BPC. O momento cultural foi abrilhantado pelo músico das raízes, o jovem Wiza.


Bibliografia de João Tala
Poesia
1. A forma dos desejos, 1997-UEA
2. O Gasto da Semente, 2000-A letra
3. A forma dos desejos II, 2003-Chá de Caxinde
4. Luagr assim, 2004-UEA
5. A vitória é uma ilusão de filósofos e de loucos, 2005-UEA
6. Forno Feminio, 2009-Kilombelombe
Prosa (ficção)
1. Os dias e os tumultos, 2004-UEA
2. Surreambulando. 2007-UEA

Nas fotos:
Mulher linda no lançamento; mulher poeta Amélia da Lomba e Nguimba Ngola; mais mulheres bonitas; João Tala, o poeta assinando autógrafos; Nguimba ngola e Virgílio Coelho, o editor; Virgílio Coelho, Jáo Tala e Paixão Júnior do BPC; o escritor António Pompílio, Rildo Manuel, jornalista e um amigo; Wiza, o músico e o escritor Kudijimbe.

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