Mira Clock
Eu confesso que estou emocionada até agora. Os meus 15minutos de estreia na passarela da marginal foram hilariantes.
Apesar do cansaço devastador que me atormentava no fim o meu corpo dominado pelo espírito do Carnaval implorava por mais.
Assistir os desfiles dos grupos carnavalescos na marginal ou pela televisão sempre me entusiasmou muito, mas desta vez foi diferente viver o Carnaval tão de perto, fazer parte dele foi uma experiência fantástica e que será de certamente inesquecível.
Quando no dia 21 de Fevereiro do corrente ano recebi o convite para desfilar na marginal na ala de apoio dos Unidos de Caxinde fiquei tão contente que nem pensei duas vezes, no mesmo instante mais rápido do que os meus olhos pestanejam respondi sim! E a partir daquele momento passei a desejar que os dias voassem como o vento.
Foi então que chegou o grande dia terça-feira dia 24, a ansiedade devorava-me e ao meio-dia (12 horas) altura em que estava marcada a concentração no Espaço Verde de Caxinde já lá eu estava munida de mantimentos, dado que já era do meu conhecimento que ficaria muitas horas por ali e como se sabe entusiasmo não enche barriga e saco vazio não para em pé.
Os elementos do grupo iam chegando todos carregavam enormes sorrisos rasgados nos lábios o tempo passava mais devagar e uma multidão surgia daquele monte de gente que não parava de chegar, volta e meia ainda havia mais algum detalhe para acertar e aquele era um trabalho de meses! Pessoas andavam de um lado para o outro pareciam baratas tontas e eu por mais que tentasse não conseguia entender o motivo de tanta agitação sentia me como um peixe fora da agua.
Eram 17:h e 40min quando de repente uma voz anunciou dentro de instantes todos partiriam para a marginal eu que quase me deixava levar pela impaciência dei um pulo de alegria e suspirei de alívio, depois de enumeradas e organizadas as alas as 18h e alguns minutos a multidão começou a caminhar rumo a marginal. Assim que cheguei senti o calor humano e o carinho do povo que se encontrava ali para testemunhar a grande festa do Carnaval, ainda faltava uma hora para o desfile dos Unidos de Caxinde a minha ala era a última e ainda não tinha ensaiado nenhuma coreografia desta feita começamos a criar um esquema fácil e curto para não fazer feio, todos estávamos cansados e éramos os que tínhamos trabalhado menos, mais não desistimos e finalmente todos tinham aprendido os passos. Passaram mais alguns minutos e já tinha chegado a nossa hora. As primeiras alas começaram a avançar com passos repletos de acabamentos e complexidade enquanto a ala de apoio apenas caprichava no jingonssa. Eu que pensava que fosse morrer de nervosismo e vergonha senti-me em casa e dancei com garra mas sem que me apercebesse tínhamos chegado ao fim do desfile e apesar de quase não poder andar desejava que demorasse mais tempo.
E foi assim a minha fantástica experiência neste Carnaval, conheci um pouco dos bastidores e deixei a minha marca na marginal. O meu orgulho de ser Angolana com certeza que se enalteceu e agora já sei o que leva aquelas pessoas tão pouco referenciadas a lutarem pela sobrevivência do Carnaval.
Foto: AngolaBela
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