domingo, 4 de julho de 2010

Festival de Jazz: Luanda merece


Está completa a lista de artistas que irão actuar na segunda edição do Luanda International Jazz Festival que decorre de 31 de Julho (sexta-feira) a 1 de Agosto próximo (domingo), no Cine Atlântico.

Quarta-feira última, a organização do evento, encabeçada pela Ritek Empreendimentos, reuniu a imprensa no restaurante Miami Beach para anunciar a lista com os nomes de mais nove participantes que, juntando-se aos oito inicialmente anunciados, perfazem um total de 17 – mais seis do que na edição passada.

A lista tem como cabeça de cartaz o norte-americano George Benson, um grande da música jazz que, segundo o programa, vai actuar no segundo e terceiro dias, num dos dois palcos que serão montados para o Festival.

Outro nome que se destaca na lista é o do grande mestre da música zimbabueana, Oliver Mtukudzi, que virá pela primeira vez em Angola. Dos Camarões, a organização convidou Blick Bassy, artista “várias vezes premiado que mistura ritmos musicais da África Central e Ocidental, enquanto funde bossa nova, jazz e soul.

Mas, se do continente berço estão garantidas presenças de luxo, da América não se podia esperar por melhor.

Na primeira lista, a organização surpreendeu, ao anunciar os nomes de Chucho Valdés, um decano do piano cubano, e de Dianne Reeves, cantora revelação do jazz norte-americano. Na última lista, para além do já anunciado George Benson, o Luanda International Jazz Festival incluiu o nome do brasileiro Lenine, cuja actuação irá acontecer no segundo dia do evento.

Do velho continente, Europa, virá apenas um convidado. Trata-se do guitarrista inglês Ronny Jordan que será acompanhado pelo agrupamento Full Band. O artista que mistura sons de hip-hop e funk tem feito sucesso a nível mundial, levando inúmeras vezes os seus assistentes a dançar ao som do seu jazz. A participação de artistas angolanos foi engrossada com a inclusão de mais quatro nomes: Nanuto, Wyza, Gabriel Tchiema e João Oliveira que se juntam assim aos experientes Waldemar Bastos e Filipe Mukenga, duas grandes referências da música popular angolana, anunciados na primeira lista.

CUMPRIR COM A PROMESSA

António Cristóvão, director geral da Ritek, referiu que a segunda edição do Luanda International Jazz Festival reflecte o cumprimento da promessa feita em 2009, aquando da realização da primeira edição, de tornar o festival num evento de envergadura internacional a acontecer anualmente. “A partir da lista de artistas que estamos a anunciar, poderão ver que esta edição será maior e melhor”, disse.

O responsável falou igualmente de algumas inovações que serão feitas este ano, como é o caso da utilização dos dois palcos como principais, ao contrário do que aconteceu na edição Espaço Bahia: As 22h30, o programa Bahia dos Sons tem como convidados durante todo o mês de Junho, a cantora Nádia Pimentel e a banda The Cotton Club. Em destaque no primeiro espectáculo o estilo musical Jazz com músicas de Laurin Hill, Amy Winehouse, Percy Sledge, Ray Charles, Sly and The Family Stoned. ‘Olimías’: No auditório Njinga Mbande, a companhia de teatro Dadaísmo leva à cena a peça de teatro Olimías que retrata a história de uma família que vive num ambiente trágico entre o amor e ódio. Ainda hoje, no Espaço Cultural Teatro Elinga, 20h30 o grupo Elinga apresenta a peça intitulada “Errância de Caim” inspirada na história bíblica de Abel e Caim.

passada, em que um dos palcos foi utilizado como auxiliar.

De igual modo, os referidos palcos passaram a ter nomes. Assim sendo, o palco número um chamar-se-á Palanca, enquanto o palco número dois, a ser montado no pátio do Cine Atlântico, terá a denominação de Welwitchia.

Por outro lado, António Cristóvão informou que este ano será editado e comercializado um CD com os espectáculos da segunda edição do Festival, o que deverá acontecer também nas próximas edições do evento.

Um workshop sobre a música jazz, em que participarão os artistas convidados, será igualmente realizado, a exemplo do que aconteceu na edição passada, mas desta vez o mesmo terá duração de dois dias, e não apenas de um dia, como em 2009.

LUANDA NO MAPA DE EVENTOS MUNDIAIS DE JAZZ

De acordo com António Cristóvão, um dos objectivos principais do Luanda International Jazz Festival é colocar a capital do país no mapa de eventos internacionais de Jazz, fazendo de Angola um destino cultural por excelência. “Estamos a conseguir isso”.

O responsável realçou o facto de o norte-americano George Benson estar tão interessado em participar na presente edição deste festival, a ponto de cancelar uma série de eventos na Itália para marcar presença em Luanda.

“Isso para nós é uma honra e demonstra que estamos a marcar passos concretos e firmes para tornar o

Luanda International Jazz Festival não o primeiro – porque aí estaríamos a competir com o Cape Town International Jazz Festival – mas pelo menos o segundo maior festival de jazz em África”.

PONTE PARA OS ARTISTAS ANGOLANOS

António Cristóvão reiterou o desejo de fazer com que o Luanda International Jazz Festival se torne uma ponte para que artistas angolanos possam participar em eventos do género realizados noutros países, como o Cape Town Internacional Jazz Festival, na África do Sul, um dos mais importantes a nível do mundo, realizado pela EspAfrika.

Razão pela qual a Ritek juntou-se a essa conhecida produtora sulafricana, representada pelo senhor Rashid Lombard, para realizar o evento de Luanda, através de um contrato de cinco anos que prevê a transferência de todo know-how da EspAfrika para esta empresa angolana.

“Estou a negociar com o meu amigo Rashid para que, dos seis artistas angolanos que irão participar na segunda edição deste festival, pelo menos um ou dois possam estar presente no próximo Cape Town International Jazz Festival”.

O director da Ritek reconheceu, contudo, que não se pode fazer um festival só de jazz clássico, uma vez que este estilo tem forte influência no surgimento de outras sonoridades. “Por isso é que nós convidamos artistas como a Lura, Gabriel Tchiema, Waldemar Bastos, Lenine, etc.”, disse, dando a conhecer que o terceiro dia do evento (domingo), será preenchido apenas por artistas do jazz clássico.

Por seu lado, Rashid Lombard que se considera conhecedor da música angolana e que revelou a sua admiração por músicos como Paulo Flores, disse acreditar que possam surgir jovens músicos nacionais capazes de participar no festival de jazz realizado na África do Sul pela sua instituição.

DIMENSÃO DO EVENTO DITA PREÇO DOS INGRESSOS

António Cristóvão referiu que o preço dos ingressos, no valor de 15.220 kwanzas, deve-se ao facto de este ano o Luanda International Jazz Festival ser maior e com um elenco de artistas ainda melhores.

“Estamos a trazer artistas de grande envergadura. Por outro lado, estamos limitados no que diz respeito ao número de pessoas que o Cine Atlântico pode receber”, explicou, dando a conhecer que a Ritek está a trabalhar para que em 2011 o festival possa ser realizado num espaço ainda maior.

O responsável reconheceu que o preço é elevado, comparado com os de outros festivais a nível do mundo, mas evocou as especificidades que tem a cidade de Luanda, considerada uma das mais caras do mundo.

“Garantimos que, assim que nós conseguirmos um espaço maior, em que se possa albergar entre seis a sete mil pessoas por dia, os preços estarão iguais aos praticados no festival de Cape Town que estão à volta dos 50/60 dólares por dia”.

De recordar que a empresa angolana de telefonia Unitel é o principal patrocinador da segunda edição deste festival que conta ainda com apoios das empresas Internet Technologies Angola, TPA e RNA (como televisão e rádio oficiais do certame), DDM, British America Tabacco Angola, Coca Cola Zero, Peroni, Alliance Française, Miami Beach e PuroMix.


Vladimir Prata

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