segunda-feira, 27 de julho de 2009

“Nem Uma E Nem A Outra”


Não sou nenhum Shakespeare

Nem tenho penas a mais

Não sou sequer Camões

Nem ambiciono ser sombra desses Ilustres

Não sou um rabisco simples do Pessoa

Nem tão pouco lembro o que escreveu

Não sou mesmo assim o lado negro da Luz

Nem mesmo sou um raio que se veja bem

Não sou génio algum sequer

Nem me aproximo de um bom Filósofo

Não sou nem sandálias de Castro Alves

Nem sei quem sou na verdade

Não sou digno do lixo que provoco

Nem compreendo como o hei de reciclar

Não sou burro ou cavalo

Nem pertenço à classe de tais herbívoros

Não sou carnívoro também

Nem como peixe ou carne animal

Não sou um monstro e tento não ser besta

Nem vejo bem como a Vida funciona

Não percebo bem o que a imaginação me diz

Nem percebo bem em que acreditar

Não sou padre ou nem rabino ou nem mullah

Nem sigo aos profetas e nem às suas crenças

Não sou assassino e não pretendo sê-lo alguma vez

Nem que me tentem forçar ou convencer a isso

Não sou patriota exacerbado e nem sou cego ou surdo

Nem hei de nunca ser um suicida bombista fanático

Não sigo e não obedeço às doutrinas populistas

Nem quero ser nunca supersticioso à toa

Não sou um poeta e nem mesmo um aprendiz

Nem jamais deixarei de sêr um Sêr Humano Comum...

Escrito em Luanda, Angola, por Manuel de Sousa, a 26 de Junho de 2009, em Homenagem a todos aqueles que engrandecem/ceram à Humanidade através da Verdade e da Escrita da Pena e da arte do Regist(r)o, sobretudo aos Poetas e Filósofos e aos Cientistas da Vida...

Dedicado ainda ao Eminente Professor Doutor João José Lopes Gomes, Cardiologista Luso-Angolano de Renome, nascido no Huambo, Angola, há muito radicado em Portugal, onde pratica e ensina a especialidade médica de cardiologia, e que, no passado dia 23 de Julho de 2009, proferiu uma concorrida Palestra no nosso Rotary Club de Luanda...

1 comentário:

antonior disse...

Aquele Ser Humano Comum do poema, infelizmente, é um Ser Excepcional. Bem estaremos quando for, realmente um ser comum, o que quererá dizer que a grande maioria lhe será identica em tolerância e respeito pelo próximo e por tudo o que nos rodeia.

Belas palavras quase em formato de oração.