sábado, 26 de junho de 2010

Jardim do Livro Infantil desperta curiosidades


Estudantes e professores de diferentes escolas e creches de Luanda assistiram ontem, no Parque da Independência, a abertura da 4ª edição do Jardim do Livro Infantil, numa cerimónia conduzida pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, ladeada pela vice-governadora de Luanda, Jovelina Imperial, em representação da governadora Francisca do Espírito Santo.

O evento que está a decorrer sob o signo “Ler é saber, Ler é crescer” reúne uma série de títulos infantis de escritores nacionais e estrangeiros da colecção Piô, Panda, Ruca, discos, sebentas, brinquedos, filmes infantis e outros materiais indispensáveis à ascensão do nível de conhecimentos e habilidades dos petizes.

Este ano, o Jardim do Livro Infantil que já se tornou uma tradição para os mais novos e não só reserva um leque diversificado de atractivos, desde oficinas de arte, literatura, marionetes, jogos, debates, palestras, espectáculos, entre outras representações.

No domínio da literatura, por exemplo, foram introduzidas algumas inovações, como a ampliação da Tenda das Letras, onde cerca de 150 crianças poderão ter noções sobre a importância e benefícios da literatura infantil, da escrita, ilustração, produção e o reforço do material.

Os petizes terão ainda, durante as suas visitas, informações sobre o funcionamento do Jardim, a sua importância, o valor do acervo exposto e o que poderá acontecer durante os quatros dias do evento.

Após a abertura do Jardim e das visitas aos vários stands montados no espaço que alberga o evento, a tarde de ontem prosseguiu com a sessão de lançamento do livro “As Amigas em Kalandula” da escritora Maria Celestina Fernandes que foi também outorgada com o prémio Jardim do Livro Infantil, culminando com um espectáculo de variedades infanto-juvenil e exibição de películas infantis.

ORNAMENTAÇÃO DO JARDIM

Na área adjacente ao Largo Nzinga Mbande, a imagem de uma árvore e dois petizes empunhando um livro, com as palavras “Jardim do Livro Infantil” em baixo, chama a atenção de qualquer transeunte. À entrada, o grande carrossel e os balões à volta são também um chamariz para os que circulam nas suas proximidades.

A escassos metros do palco, a grande Tenda das Letras devidamente organizada e representada por um leque diversificado de material literário dá o ar que se espera em iniciativas do género. Trata-se, pois, de um importante espaço que inclui no seu cronograma lançamento de livros, sessões de leitura, palestras e debates em torno da leitura na vida das crianças.

A oficina de artes que está a funcionar em paralelo com a Tenda inclui artes cénicas, plásticas, show de marionetes e jogo de kiela, este último tido pela organização como um divertimento importante no desenvolvimento da psicomotora da criança. Segue-se o palco, decorado em azul, branco, verde e amarelo.

LIVROS PARA TODOS OS BOLSOS

No que se refere a subvenção do preço de capa dos volumes, manterse-á a metodologia anterior, cabendo aos expositores proceder um desconto sobre o preço de capa das obras. Quanto aos livros editados pela Direcção Nacional das Industrias Culturais, estes serão vendidos a um preço muito inferior ao seu custo real, para que se ofereçam também aos grupos organizados que visitarem o Jardim.

Projecto vai a outras províncias A ministra da Cultura assegurou que a iniciativa do Jardim do livro Infantil foi também abraçada pelos responsáveis das províncias do Bengo, Benguela, Kwanza-Norte, Malange, Namibe, Moxico, Huíla e Zaire.

Rosa Cruz e Silva disse que este trata-se de um processo importante que envolve a sociedade, escola e família, no qual se vem abraçando a ideia de que o livro deve ocupar um lugar privilegiado, enquanto elemento fundamental do processo de desenvolvimento da criatividade e da personalidade das crianças, de educação estética, de transmissão de valores morais e cívicos, de conhecimentos técnicos e científicos, indispensáveis ao desenvolvimento económico e social e ao exercício da democracia.

A governante reconheceu o evento como um elemento excepcional que visa criar nas crianças a sensibilidade para o livro e o gosto pela leitura, missão esta que assume um papel de relevo à toda a família, escola e sociedade.

Satisfeita com inovações e pelo elevado numero de estudantes que acorreram ao local do evento, Rosa Cruz e Silva apelou à sociedade a se tornar um agente activo na promoção do livro e do gosto pela leitura na escola, e que os jardins de infância devem constituir-se em espaços privilegiados de criação e incentivos no domínio da literatura.

“Não nos podemos esquecer das nossas tradições. Nos Jango,s onde se transmitem os valores e conhecimentos fundamentais aos mais novos, o livro pode e deve-se fazer presente para o estabelecimento da ponte necessária entre a tradição e a contemporaneidade”, recordou.

A ministra pediu igualmente a sociedade para que observe com determinação a instituição de jangos de leitura, de modo a que a população revisitasse o manancial de conhecimentos que transportam as fábulas, contos, advinhas, provérbios, poesia e prosa, num processo contínuo e duradouro.

Não obstante esses factores, a ministra garantiu propor ao nível das autoridades administrativas, comunais e povoações a criação de núcleos de bibliotecas itinerantes e pela mesma via o desenvolvimento da leitura e narração de textos nos jangos ao nível da comunidade.

“O livro contribui significativamente para o diálogo intelectual e para o conhecimento recíproco das comunidades e dos povos. É um importante veículo de transmissão do saber e da cultura. É um meio para a preservação do património cultural, um instrumento capaz de favorecer o desenvolvimento económico e social, uma via de estímulo a criação e ao trabalho intelectual”.

Augusto Nunes
Fonte: O País

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