domingo, 28 de março de 2010

Ngonguita lança "No Mbinda..."

Conhecí-a num evento poético do Lev´Arte. Exímia declamadora! Encantei-me ao ve-la declamar o poema “Lamento de mãe” do livro Mátria. Daí em diante não mais me desliguei dessa mulher, a Etelvina da Conceição Alfredo Diogo, a nossa Ngonguita que nasceu na cidade de Ndalatando, Município do Kazengo, Província do Kwanza-Norte.

A Ngonguita entrou em contacto com a literatura motivada pela sua avó, exímia contadora de histórias da tradição oral africana. Em 1976, por altura da libertação da Província do Uíge, vê publicado o poema da autoria do seu pai no Jornal de Angola, com o qual ganhou o 2º prémio, num concurso realizado em prol da libertação daquela Província, pela forma excelente como declamou. Ela tem poemas publicados no Suplemento “Vida e Cultura” do “ Jornal de Angola” e no Semanário “ O Independente”.

Ngonguita Diogo, nos brinda com o “NO MBINDA, O OURO É SANGUE”. Embora esta obra seja a primeira que publica, ela tem já 3 livros escritos e em processo de edição. A nossa linda é formada em Administração, e ao longo da sua carreira tem vindo a exercer funções de Direcção, nos vários ramos estatais e privados.
O livro foi prefaciado pelo kamba Luís Rosa Lopes, autor do livro “Uma Maria João e os knunca”. Lueji Dharma em representação da Chiado Editora escreve sobre o Mbinda,“... a autora romanceia uma vivência onde a bondade é confrontada com a maldade que se refugia em feitiços onde o Diabo envolto em enxofre corrompe almas fracas. No Mbinda a lógica de esquemas matreiros, de traições e mentiras é descoberta numa teia de relações onde tudo o que parece não é. O amor é renunciado em troca de ganhos materiais e de uma suposta aparência que nunca pode ser defraudada. A fraqueza de espírito patente nas personagens recriadas acaba por ser a porta para sentimentos de ódio, raiva, ciúme e inveja. Alimentado pela maldade de algumas personagens o Diabo vence, dando liberdade, ao terror numa quinta onde nem a beleza natural da paisagem contrapõe os actos de violência que ali se desenrolarão...”

Caro leitor, o lançamento do "Mbinda..." foi deveras uma festa. Valeu termos esperado demoradamente pela chegada dos livros. Enquanto isso o protocolo, onde desfilavam meninas lindas, serviam-nos quitutes da banda enquanto metiamos a conversam em dia. Jornalistas, escritores, estudantes, amigos e familiares da autora, deleitavam-se com o evento que teve momentos altos com o grupo teatral “Tata Yetu” a exibirem-se numa coreografia linda “o terror negro” ou simplesmente a “dança da múmia” como é conhecido entre os amigos. “Filho de peixe é peixe” diz o ditado, aí que o menino mais novo da Ngonguita arranca estrondosos aplausos da plateia quando homenageia sua mãe com um lindo poema e, coroa sua mãe com um arranjo de bonitas flores. A Ngonguita, como era o dia dos pais, também honra seu "velho" que alí se encontrava animado, orgulhoso pela filha que estreia o mundo dos livros. A festa continuo noite adentro, com os últimos convivas a sentirem o peso do Mbinda nas pernas (alguns passaram os limites do champanhe). Eis abaixo extractos do livro da menina:

“...Nas margens fertilizantes dessas fontes, que a natureza plantou no sítio para compensar a sede de quem por aí passasse, brotaram ervas e plantas de estio, regadas pelas lágrimas desses dois olhos. De entre as plantas aí existentes, encontrava-se uma rastejante que deu fruto, não comestível, chamado “mbinda”. Esse fruto depois de seco e esvaziada a semente, apresenta uma cavidade oca, o invólucro é utilizado pelas mulheres para conservar água. Como nesse maravilhoso sítio abundava muito dessa planta a população apelidou o lugar de jimbinda; mais tarde passou a chamar-se simplesmente “Mbinda” nome também adoptado por uma família da região...”

“... A poeira não parava num só lugar, contorcia-se com a surra dos ventos que arrastaram as folhas amarelecidas e secas para se revigorarem nas tetas de Kibungo e Kadibanga, a lua debatia-se aflita, teimosamente mostrou apenas metade do rosto na noite em que o destino coseu a sorte do Kangolo, porque a morte se esqueceu da alma que vadiava errante nos cafezais da sanzala, o vento empurrou-a para se juntar ao menino Kamueji e assim poder vingar-se de quem julgava ter sido o seu agouro...”

“... O breu engoliu a sanzala espalhando-se até aos corações dos homens. O grande império da Dona Kialengukuka, lá pelas bandas do Morro M’Binda, ruiu ao expor o demónio vestido de santo com a alma do Rei do café na mão. Ufolo encantou a todos com o ritmo do seu chinguilar angustiado, enquanto as nuvens da tempestade derramaram todo o seu sangue nos cafezais e o envenenaram...”




Comentário nas fotos:
Capa do livro lançado; Ngonguita Diogo comprimentando o escritor Trajanno Nankova Trajanno visivelmente animada; mesa onde vemos Lueji Dharma, o escritor e deputado John Bella, a escritora e o prefaciador L.R.Lopes; menina linda do protocolo; o pai da Ngonguita; o Tata Yetu e a "dança da múmia"; a plateia; o filho da Ngonguita; a escritora Marta Santos e a Nana de Almeida da UEA; Nguimba Ngola e a linda reporter da TPA.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito deste romance e gostaria de adquirir outros romances de Ngonguita Diogo. Qual o endereço da Editora a quem posso encomendar Sinay e outros romances.
Agradeço, desde jä a resposta.
Com os meus cumprimentos.
Admiradora