Luanda – Um ano depois de ter sido inaugurada em Portugal, a exposição "Essa Maneira de Convocar Tudo" "abriu-se" hoje, terça-feira, ao público luandense, no Instituto Camões, onde estarão à mostra, até 20 de Março, vários produtos culturais produzidos pelo antropólogo angolano Ruy Duarte de Carvalho.
Exposta no âmbito da jornada cultural dedicada àquele ilustre homem de cultura, a colecção, que faz uma "abordagem caleidoscópica à totalidade da obra" do também cineasta, "arrastou" à sessão de abertura oficial escultores, escritores, diplomatas e amantes de outras modalidades artísticas, de Angola e Portugal.
A exposição é composta por 4 núcleos, sendo uma instalação sob forma de "videwall" que a introduz, contendo um visionamento de livros e leituras de excertos, fotografias de e com o escritor, além de partes de filmes por ele produzidos.
Tem também um espaço designado Brasil, onde são projectadas fotografias de Daniela Moreau, que acompanhou o escritor angolano na sua viagem pelos sertões brasileiros.
No Núcleo Lugares de África, uma selecção de fotografias de Ruy Duarte de Carvalho são conjugadas com frases dos livros, bem como ilustrados desenhos feitos pelo autor em diversos locais, particularmente Samba, Namibe, Namíbia e Cabo Verde.
Finalmente, a exposição incluiu uma secção dedicada ao cinema documental, na qual se apresentam diversos documentários realizados pelo cineasta entre 1975 e 1982, assim como fotografias de rodagens e de cena dos respectivos filmes, um trabalho montado por António Ole, Robert Kramer e Rute Magalhães.
Na opinião do vice-ministro da Cultura, Luís Kandjimbo, um dos observadores atentos à exposição, a amostra reflecte o peso e talento de um "investigador com créditos firmados na cultura angolana, cuja obra importa conhecer".
Falando à imprensa, à margem da sessão de abertura da amostra, Luís Kandjimbo afirmou que a obra de Ruy Duarte de Carvalho "se multiplica por vários domínios", com particular destaque para a poesia, ficção narrativa, ensaio, cinema e artes plásticas.
"Temos aqui algumas boas referências do que ele vem fazendo no domínio das artes plásticas. Há uma obra muito interessante de Ruy Duarte que combina o texto escrito e a imagem, que esbate a fronteira que pode existir entre a escrita e o desenho.
A fronteira é inexistente e, aqui, está uma prova disso. Importa conhecer esse autor, pelo que qualquer visitante da exposição há de sair daqui com a vontade de poder lançar mãos à obra, lendo o que há de poesia, ensaio e filmes de Ruy Duarte", expressou.
Para o também crítico literário, a exposição constitui apenas uma "pequenina" amostra da obra de Ruy Duarte de Carvalho, considerando ser este um "belo exemplo" de como os criadores devem produzir e se posicionar no mercado da arte e investigação.
"Aos criadores compete criar obras e mostrar o que fazem. Estamos precisamente a assistir um belo exemplo disso e competirá depois a outras instituições do estado criar condições para os criadores continuarem a criar e entreter os amantes das artes", ressaltou.
A semana de homenagem a Ruy Duarte de Carvalho foi aberta segunda-feira, na capital do país, com a realização de uma conferência sobre "Conquistas e Reconquistas de Luanda", orientada pelo próprio homenageado.
Fontes: Texto - Angop e Fotos - Lev´Arte
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