Angola ainda é a sua namorada
Com 40 anos de carreira Waldemar Bastos falou com o Factual sobre o seu percurso profissional, passando por alguns dos momentos mais marcantes da sua vida não esquecendo os instantes difíceis e os mais jubilosos.
Rita Pablo
Numa conversa amena num dos grandes hotéis da cidade o Factual encontrou-se com o músico algumas horas antes do concerto no cine tropical, onde Waldemar Bastos comemorou os seus 40 anos de carreira.
Nasceu em 1954 na fronteira entre Angola e o Congo e cedo foi para Cabinda com os seus pais. Aos oito anos o músico, de uma forma prematura, começou a dar os seus primeiros passos cantando e tocando. Em casa sempre foi apoiado, aliás Waldemar recorda seus pais de uma forma saudosa pois afirma que estes “nunca me castraram, antes pelo o contrário apoiaram-me e naquela altura ter um filho músico não era fácil”.
Depois de ter estado em Cabinda foi para o Huambo onde ficou até cerca dos 18 anos, lá estudou e, como não poderia deixar de ser, não deixou a música. Cantou, tocou e popularizou-se nesta cidade do sul. No entanto, foi preso pela PIDE e lá, apesar do sofrimento e das pressões conheceu o valor da humanidade. “A mulher do carcereiro às escondidas dele conversava comigo. Casou enganada a achar que ele era guarda dos Caminhos-de-ferro de Benguela e, quando soube o que ele era e que batia em nós, mostrou coragem e um sentimento humano ao falar comigo ”.
Quando parte para Luanda longe dos pais e irmãos e sem comunicação com eles, sente-se perdido. No entanto, não desiste e continua a furar o mundo da música. Mas Luanda tornou-se para este cantor demasiado pequena. “Aqui tinha havido guerra, por isso havia outras questões primárias a serem tomadas em conta antes de se apostar na música, é normal”.
Vai para Portugal em 1982, viaja depois para Alemanha e logo de seguida o “nómada cantor” parte para o Brasil onde conheceu alguns músicos entre os quais, Chico Buarque, João do Vale, Elba Ramalho, DJAVAN e Clara Nunes. Com estes cantores integra o Kalunga Projecto. Ainda no Brasil a editora Emi-Odeon convida-o a gravar o seu primeiro álbum “Estamos Juntos”. A partir daí a sua carreira tornou-se emergente. Em Lisboa grava o seu segundo álbum “Angola Minha Namorada” em 1990, e “Pitanga Madura” em 1992. Em Nova Iorque no ano de 1997, a convite de David Byrne da Luaka Bop, Waldemar Bastos grava “Pretaluz” com Arto Lindsay. O “Renascence” foi o seu último álbum onde a mistura dos ritmos africanos e europeus ecoa. Waldemar adiantou que está a trabalhar num álbum “ Estou a fazer um trabalho de músicas de Angola tradicionais produzidas a um nível erudito.” E, para além deste novo trabalho, o artista deixou trespassar que uma obra biográfica também está a ser escrita, mas ainda sem data de lançamento.
Quanto aos momentos que lhe marcaram, o músico não hesita em realçar a homenagem e reconhecimento que os EUA tiveram ao atribuírem-lhe o Award for the Emerging Artist of the Year, o facto de ser um dos fundadores da união dos artistas e compositores angolanos e relembra também o prémio Capitães de Abril.
O seu objectivo será regressar ao seu país e apenas aguarda por reunir condições para tal, afinal Angola continua a ser a namorada de Waldemar Bastos.
Com 40 anos de carreira Waldemar Bastos falou com o Factual sobre o seu percurso profissional, passando por alguns dos momentos mais marcantes da sua vida não esquecendo os instantes difíceis e os mais jubilosos.
Rita Pablo
Numa conversa amena num dos grandes hotéis da cidade o Factual encontrou-se com o músico algumas horas antes do concerto no cine tropical, onde Waldemar Bastos comemorou os seus 40 anos de carreira.
Nasceu em 1954 na fronteira entre Angola e o Congo e cedo foi para Cabinda com os seus pais. Aos oito anos o músico, de uma forma prematura, começou a dar os seus primeiros passos cantando e tocando. Em casa sempre foi apoiado, aliás Waldemar recorda seus pais de uma forma saudosa pois afirma que estes “nunca me castraram, antes pelo o contrário apoiaram-me e naquela altura ter um filho músico não era fácil”.
Depois de ter estado em Cabinda foi para o Huambo onde ficou até cerca dos 18 anos, lá estudou e, como não poderia deixar de ser, não deixou a música. Cantou, tocou e popularizou-se nesta cidade do sul. No entanto, foi preso pela PIDE e lá, apesar do sofrimento e das pressões conheceu o valor da humanidade. “A mulher do carcereiro às escondidas dele conversava comigo. Casou enganada a achar que ele era guarda dos Caminhos-de-ferro de Benguela e, quando soube o que ele era e que batia em nós, mostrou coragem e um sentimento humano ao falar comigo ”.
Quando parte para Luanda longe dos pais e irmãos e sem comunicação com eles, sente-se perdido. No entanto, não desiste e continua a furar o mundo da música. Mas Luanda tornou-se para este cantor demasiado pequena. “Aqui tinha havido guerra, por isso havia outras questões primárias a serem tomadas em conta antes de se apostar na música, é normal”.
Vai para Portugal em 1982, viaja depois para Alemanha e logo de seguida o “nómada cantor” parte para o Brasil onde conheceu alguns músicos entre os quais, Chico Buarque, João do Vale, Elba Ramalho, DJAVAN e Clara Nunes. Com estes cantores integra o Kalunga Projecto. Ainda no Brasil a editora Emi-Odeon convida-o a gravar o seu primeiro álbum “Estamos Juntos”. A partir daí a sua carreira tornou-se emergente. Em Lisboa grava o seu segundo álbum “Angola Minha Namorada” em 1990, e “Pitanga Madura” em 1992. Em Nova Iorque no ano de 1997, a convite de David Byrne da Luaka Bop, Waldemar Bastos grava “Pretaluz” com Arto Lindsay. O “Renascence” foi o seu último álbum onde a mistura dos ritmos africanos e europeus ecoa. Waldemar adiantou que está a trabalhar num álbum “ Estou a fazer um trabalho de músicas de Angola tradicionais produzidas a um nível erudito.” E, para além deste novo trabalho, o artista deixou trespassar que uma obra biográfica também está a ser escrita, mas ainda sem data de lançamento.
Quanto aos momentos que lhe marcaram, o músico não hesita em realçar a homenagem e reconhecimento que os EUA tiveram ao atribuírem-lhe o Award for the Emerging Artist of the Year, o facto de ser um dos fundadores da união dos artistas e compositores angolanos e relembra também o prémio Capitães de Abril.
O seu objectivo será regressar ao seu país e apenas aguarda por reunir condições para tal, afinal Angola continua a ser a namorada de Waldemar Bastos.
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