Etona levará duas das suas escultura na Gala para angariar fundos a fim de receber o Papa Bento XVI. Abaixo estão os textos e as obras que serão leiloadas. Divulguem para todos
Atentamente,
Instituto Etona
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ORAÇÃO
Patrício Batsîkama
Esta obra foi concebida numa substância que serviu de suporte de caminho de ferro, isto é, tem um aval histórico e o seu valor estético museográfico realce em primeira mão.
«Bellum omnium contra omnes» (Thomas Hobbs), logo a criação das coisas belas parte duma auto-reflexão face a insaciabilidade que a natureza oferece. «Deus criou o mundo e viu que o mundo era agradável», lemos no livro de Génesis. Porquê um Deus (ou seja homem) perfeito, suficiente e que não falta nada vai criar? Parece que só é belo (agradável=arte), aquilo que não se insinua. O que justificaria que a criação do Homem resulta do plano de Deus na sua própria salvação.
A inteligência humana sendo ilimitada prova ipso facto a grandeza do Homem como “criação” de Deus, essencialmente superior a existência material. A mitologia muntu-angolana promulga a beleza como condição do bem, embora este esteja superior a primeira. A beleza é a natureza na sua diversidade composicional cuja sensação pertence ao espírito. A vida humana vai além do corpo físico porque pertence a Deus. Por isso, o Homem natural sente-se necessidade de rezar por que é “criação”. Em línguas angolanas o homem significa ao mesmo tempo o que é bom, correcto: thù segundo Barbosa, significa «condição (estado ou característica) do ser humano» e ao mesmo tempo «bondade, humanidade» (Barbosa: 1989,p.608).
Oração sendo o cordão umbilical entre Deus e Homem, a obra constitui, de acordo com seu autor, as “boas-vindas desejadas pelos Angolanos ao Santo Padre e, ao mesmo tempo, uma rogação de bênção.
Patrício Batsîkama
«Ñtôyo» é o designatum duma ave que, reza a Tradição Angolana, não é-lhe permitido falar”.
Duas cabeças com observatório discrepante, com narizes ligeiramente desfeitas, orelhas fugitivos e, sobretudo, bocas desfeitas. A peça apresenta uma ambivalência de dois pontos diferentes, duas visões divergentes, dois objectivos distintos. Geralmente a rixa natural que essa condição proporciona permite que haja desenvolvimento, a condição de respeitar-se mutuamente. Ora, pelo egoísmo humano, as opiniões de um são minimizadas pelo outro: dai a razão das bocas destruídas e orelhas fugitivas. Tudo isso resultaria na falta de discernimento: narizes ligeiramente desfeitas!
Tomas Aquino é da opinião que: «omnis nostra cognitio originalite consistit in notia primorum principiorum indemostrabilium. Horum autem conitio in nobis oritur a sensu», (Tomas Aquino, De veritate, Q. X, a.6), quer dizer, «todo o nosso conhecimento tem originalmente por fundamento a evidência dos primeiros princípios indemonstráveis; ora o conhecimento desses princípios nasce em nós da sensação». Com isso, as divergências só podem assim ser porque existe um ponto convergente, mesmo não for o objecto de observação.
A desigualdade fisionómica entre as pessoas leva-lhes a mentalizar outras desigualdades reais e irreais; as diferenças ônticas pessoais fomentam e cimentam as diferenças sociais de modo que até a “educação” praticada serve de instrumento da continuidade das diferenças. E tudo passa-se normalmente: os fortes são respeitados e nessas relações são coroadas pelos valores (honra, misericórdia, coragem, por exemplo); os fracos lutem para uma possível ascensão e ganhem, com isso, valores semelhantes (dignidade, bravura, constância por exemplo). A luta das classes que origina das ansiedades subjectivas perante as circunstâncias, confunde-se com a luta comum de atingir a felicidade que, na verdade, não pode ser motivo duma vaidade individual. A meta (felicidade) é atingida graças aos múltiplos intervenientes directos e indirectos, visíveis e invisíveis, imediatas e mediatas. Contudo, não existe de êxito sem apoio: é de todos que vem o nosso sucesso, tal diz a peça, embora que o cenário social esteja pintado das diferenças.
A peça combina relativamente com a filosofia que defende o autor: etonismo, filosofia da Razão Tolerante que consiste na destruição da sociedade em seus constituintes: Eu, Tu e Ele, para redefini-los a fim de compreender as suas divergências e (re-) construir uma nova Harmonia (neo-harmonia) a partir das divergências como a definição relacional. Tal foi a atitude do Papa Pio XII e tal é, também, a síntese para o “Ano Paulino”.
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