Nasceu em Santarém, Portugal, Passou a infância e adolescência no sul de Angola. Regente agrícola, mais tarde estudou cinema em Londres e doutorou-se em antropologia, com uma tese sobre os pescadores da Ilha de Luanda, na École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris, Foi Professor Convidado na Universidade de Coimbra e da Universidade de São Paulo.
Iniciou a sua obra poética em 1972 com a publicação Chão de Oferta que venceu o Prémio Mota Veiga.A sua produção é variada, cobrindo a poesia, a ficção narrativa, o ensaio e o cinema.Em 1982, levou a cabo um pioneiro exercício de tradução/apropriação da grande tradição lírica oral nas várias línguas autóctones africanas que reuniu em Ondula Savana Branca,
É ainda autor de obras de ficção (e Como se o mundo não tivesse Leste, (1977 e 2003) , Vou lá visitar pastores (1999), vasto fresco sobre os kuvale, sociedade pastoril do sudoeste de Angola e adaptado ao cinema e "Os Papéis do Inglês"(2000)
Profundo conhecedor das práticas agro-pastoris tradicionais tem vindo a situar o cenário das suas pesquisas a região etnocultural Kuvale, no sul do país, como cineasta e antropólogo
Em 1988 foi laureado com o Prémio Nacional de Literatura
Obra Poética:
Chão de Oferta, 1972, Luanda, Culturang;
A Decisão da Idade, 1976, Lisboa, Sá da Costa;
Exercícios de Crueldade, 1978, Lisboa, Publicações Culturais Engrenagem;
Sinais Misteriosos... Já Se Vê..., 1979, Lisboa, Ed. 70;
Ondula, Savana Branca, 1982, Lisboa, Sá da Costa;Lavra Paralela, 1987, Luanda, União dos Escritores Angolanos;
Hábito da Terra, 1988, Luanda, União dos Escritores Angolanos;
Memória de Tanta Guerra (Antologia Poética), 1992, Lisboa, Vega;
Ordem de Esquecimento, 1997, Lisboa, Livros Quetzal; Observação Direta, 2000, Lisboa, Edições Cotovia;
Lavra Reiterada, 2000, Luanda, Editorial Nzila.
Ficção:
Os Papéis do Inglês (2000), ( Edições Cotovia)
Como se o mundo não tivesse Leste, (1977) e( 2003, Edições Cotovia )
Paisagens Propícias e Desmedida.
Actas da Maianga – Dizer da(s) guerra(s) em Angola. (2003)
Poemas de Rui Duarte Carvalho:
"Das águas que o rino escolhe..."
Das águas que o rino escolhe
da pedra a que o vento encosta
do unto a que o tempo obriga
dos sais que a estação abriga
do pasto a que o gado aspira
da lua em que o vento vira
Não há pastor que não saiba.
Não há pastor que não saia de alguma curva da infância.
(1988, Hábito da terra)
Canção de guerra (origem Kwanyama)
O covarde ficou
voltou para trás
agiu de acordo com a mãe.
De nós porém
bravos homens
muitos morreram
porque lutaram.
(chora a hiena
chora
a hiena chora)
O nosso camarada jaz no chão
não dormirá conosco.
Ali o deixamos
pernas e pés na berma da estrada
a cabeça tombada
no meio da rama.
Soldados de Nekanda
conquistadores de gado para Hayvinga
filho de Nasitai:
somos rivais em casa
pelas mulheres.
Na guerra, na floresta
somos da mesma mãe.
(1988, Ondula, savana branca)
Fonte: www.lusofoniapoetica.com
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